quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Crash

Para quem não viu no noticiário de ontem (saiu no site do G1 inclusive) vai a fotinho e o link do acidente que ocorreu em uma das principais e mais movimentadas avenidas de Dublin, há apenas 10 minutos de onde eu moro. Um LUAS, espécie de metro de superfície, e um onibus colidiram e deixaram várias pessoas feridas.
A foto é do Irish Times.com.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Dublinbikes

Sempre achei Dublin bem atrasada no uso das bicicletas com relação a outras cidades da Europa. Apesar da cidade ter ciclovias (eu nunca testei, portanto não posso dizer se são eficientes), as magrelas desfilam discretas por aqui. A novidade é que talvez isso mude um pouco. Essa semana a prefeitura inaugurou 40 estações de aluguél de bicicletas pela cidade. As Dublinbikes são bem charmosinhas. Até já me deu vontade de experimentar. A estação da foto fica na praça de Smithfield, onde eu moro.

São dois tipos de inscrição para usar as bikes:
- Para quem é morador e pretende usar as bikes regularmente, o mais recomendável é fazer uma inscrição no site (www.dublinbikes.ie) que custa 10 € por ano.
- Para quem é visitante ou pretende usar só em alguma ocasiçao específica, paga-se uma taxa de 2€ pelo ticket de 3 dias.

Depois disso, as taxinhas:
Primeira meia hora - free
1 hora - 0,50 cents
2 horas - 1,50€
3 horas - 3,50€
4 horas - 6,50€
Cada meia hora extra depois de 4 horas - 2€

O pagamento é feito com cartão de crédito no próprio terminal (só 14 deles tem máquina de cartão). Mas fique ligado na multa, que você pré-autoriza no caso de entrega atrasada, de 150€.

Espero que o serviço funcione e que seja realmente eficiente, pois Dublin é uma cidade propícia para se conhecer de bicicleta e isso só trará benefícios. E torçamos para que em alguns dias as bicicletas não estejam depredadas assim como algumas bicicletas comuns que vejo estacionadas nas ruas.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Leituras

Comecei a ler na semana passada a edição definitiva do livro Anne Frank - Diary of a young girl, em inglês. Escolhi a história da menina judia por se tratar de um texto escrito por uma jovem, com linguagem mais simples. Ela relatou em um diário a vida com a família em um esconderijo em Amsterdã durante o Holocausto .

Aqui ele é leitura obrigatória em algumas escolas, e isso explicou o nariz torcido da minha professora de inglês quando ela me perguntou o que eu estava lendo. Ela disse que não tinha gostado da obra justamente por causa disso. Em qualquer lugar do mundo uma leitura não é a mesma se ela está sendo empurrada goela abaixo, ainda mais quando se é criança. Mas enfim, é um clássico e eu estou gostando muito.

Aproveitei e pedi a ela dicas de obras de autores irlandeses com uma linguagem não muito complexa para iniciantes:
George Bernard Shaw - Pygmalion
James Joyce - Dubliners
Oscar Wilde - (ela não deu um nome em específico, mas eu posso recomendar The picture of Dorian Gray)
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A propósito, terminei de ler Laoway - Histórias de Uma Repórter Brasileira na China, da Sonia Bridi, e recomendo três vezes. Leitura fácil, divertida e muito interessante para quem é leigo em cultura chinesa.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Seis meses de jornada

Desembarquei na Irlanda no dia 7 de março desse ano. Desde então os dias e semanas têm me atropelado. Essa semana completei seis meses morando aqui e custo a acreditar que todo esse tempo já passou. Por um lado fica a boa sensação de que a volta pra casa se aproxima, e por outro, o sentimento de que não podemos deixar nada para trás, temos que fazer tudo que planejamos, aproveitar tudo o máximo possível. E falta tempo para tudo isso.
Em datas como essa, nada melhor do que um balanço dos pontos mais importantes, dos prós e contras. Para isso dividi alguns tópicos:

Custo de vida:
Eu já escrevi aqui um post específico sobre o custo de vida em Dublin. A cidade está entre as primeiras mais caras de se viver no mundo, segundo pesquisa que também comentei aqui. Apesar disso, no dia-a-dia, a gente aprende a poupar e descobre as melhores barganhas. Se você vier para trabalhar isso não deve ser um problema, pois aqui se ganha muito bem e com um salário mínimo é possível viver confortavelmente e juntar dinheiro. O custo maior certamente é o aluguél de imóveis. A média de um apartamento em boas condições dividido em 4 pessoas no centro fica entre 250 a 310 euros por pessoa, o que, dependendo de seu trabalho, pode significar uma semana de suor. Mas por causa da crise muitos proprietários baixaram os preços e estão mais abertos à negociação.

A língua:
Antes de vir para cá ouvi muito falar sobre o sotaque complicado dos Irlandeses. Isso é verdade. Assim como o sotaque britânico também não soa claro para estudantes brasileiros do inglês americano. Algumas expressões e sons diferentes do que estamos acostumados nós aprendemos no cursinho, mas com o tempo e com a prática você adapta seus ouvidos.
Esqueça a língua mãe deles. O Irlandês só é falado por pessoas mais velhas e provavelmente longe de Dublin, onde você vai ver no máximo placas e nomes de estações.

Cursos:
Pesquise bem, peça referências, busque alguma indicação. Ouvi muitas histórias de escolas sem qualidade e sem estrutura. Eu recomendo a minha escola, que não foi nem das mais caras nem das mais baratas, mas oferece uma ótima estrutura, tem bons professores e dá uma boa assistência aos alunos recém chegados. A escola também segue à risca as normas da imigração e é exigente com relação à presença em sala de aula. O único porém talvez seja a localização. Ela está no centro, cerca de 10 minutos da avenida principal (O'Connell), mas em uma área meio feia, no lado norte. Mesmo assim, eu recomendo.

Trabalho:
Desde que eu cheguei em Dublin esse quesito tem mudado, mas não muito. Demoramos (eu e meu namorado) 3 meses para conseguir o primeiro emprego, ou seja, gastamos todas as economias que trouxemos de casa nesse período. Mas... como tudo tem um "mas", eu já disse, isso depende de sorte e de contatos. Conheço muitas pessoas que conseguiram na primeira semana, assim como muitas que estão indo embora porque não conseguiram nada ou só "bicos".
No meu ponto de vista, esse quesito também depende de outros fatores: objetivo, força de vontade e necessidade. Muitas pessoas param de procurar assim que se deparam com as primeiras "portas na cara", outras não querem se submeter a alguns tipos de trabalho (o que é normal, eu também fiz isso). De qualquer forma, as oportunidades estão aumentando aos poucos. Desde que comecei a trabalhar já recebi duas ligações para entrevistas.

Mas é bom lembrar que, principalmente para quem está acostumado com um emprego na frente do computar no Brasil, que a vida de trabalhador por aqui não é fácil. A maioria é trabalho pesado, cansativo e você certamente vai esbarrar com supervisores e gerentes também imigrantes, sem trato algum, sem noções de gerenciamento ou de motivação de funcionários. Engolir alguns sapos faz parte se você tem um objetivo claro.

Juntar grana:
Já foi bem mais fácil. Hoje, quem pretende não só viajar pela Europa e concluir um curso, mas também juntar uma grana para pagar alguma dívida no Brasil, ou mesmo voltar com uma boa grana pra casa, deve pensar em gastar mais de um ano trabalhando aqui. Isso não é regra, claro. Se o objetivo do dinheiro é o investimento em viagens não se preocupe, isso é o mais barato.

Segurança:
Pensei que o meu sentimento de segurança por aqui seria bem maior, mas enfim, como em qualquer lugar, você precisa tomar cuidado. É claro que você pode andar com bem mais confiança na rua a qualquer horário da noite do que em qualquer estado do Brasil. Aqui quase não se ouve falar em assaltos. Mas em Dublin é possível perceber claramente uma parte da população, bastante jovem, e marginalizada. São adolescentes e até adultos que bebem demais e adoram uma briga. Já ouvi falar de muitas pessoas que tiveram problemas, ou até apanharam na rua. O segredo é ficar esperto e não responder provocações. Eu nunca tive problema nenhum.

Transporte:
Quem mora e trabalha no centro pode esquecer gastos com transporte. Dublin é pequena e você vai se acostumar às caminhadas diárias. Existem três tipos mais comuns de transporte por aqui: o ônibus (todas as paradas têm tabelas com os horários, mas isso não é garantia de chegada pontual, o trânsito por aqui é horrível), o Luas, que é o metro de superfície e que na minha opinião foi muito mal planejado (ele possui duas linhas, uma de cada lado da cidade, e elas não se conectam...) e o DART, que é o trem, eficiente em viagens mais longas.
...

Resumindo, em seis meses já conheci dois países (Inglaterra e Escócia), estou com passagens compradas para mais dois (França e Alemanha), já senti uma grande evolução no meu inglês, tenho conseguido juntar grana para fazer uma trip de quase um mês antes de ir embora e comprei um laptop.

Eu estou aproveitando ao máximo a experiência aqui na Irlanda. Mas conheço muitas pessoas que odeiam estar aqui, principalmente pelo clima desagradável, chuvoso, e por ser um país pequeno e um tanto quanto proviciano. Se eu tivesse que ficar mais um ano fora certamente não iria renovar por aqui, não me arrependi da minha escolha, mas iria querer conhecer outras culturas.

Recomendo Dublin para quem pensa em vir para juntar dinheiro para viajar, que já tenha um inglês intermediário e prentenda realmente trabalhar para se sustentar. E principalmente, não só para Irlanda, mas para qualquer intercâmbio, recomendo pensar muito antes de embarcar. É muito importante estar preparado para entrar de cabeça na cultura do lugar e se desligar completamente de casa durante os meses que você se dispôs a entrar na aventura. Eu pensei muito, planejei muito, juntei dinheiro pra estar aqui e quero e vou voltar para casa com a sensação de dever cumprido.